Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O meu rumo



 

A minha vida tem sido semelhante a um rio… por veze manso, outras, em brandos sobressaltos e amenas agitações, mas, momentos existem que afigura-se tormentas ondulativas, sulcadas por palavras soltas, de pessoas que tentam nortear o meu rumo… por vezes comandar mesmo, como se de um débil se tratasse. Menosprezam a inteligência, a capacidade de ver, de sentir, de vaguear a vida que me pertence e lançam gratuitamente pedras de tropeço, mas, que por revés, as utilizo como alpondras e passo incólume ao lançamento dos tristes obstáculos.

 

Luís Paulo

 
Imagem web

sábado, 5 de janeiro de 2013

A Promessa


Entardecia,

Olhavas-me de sorriso aberto… exausta, suada, o corpo nu espalhado na cama, de peito ofegante, viraste-te de costas a espreitar a rua. A noite principiava a acontecer… o tempo junto a ti, fugia depressa, falecia veloz… como sempre, tinhas que partir. Eu sabia… todas as tardes era assim, voltavas para casa, para os teus… os teus olhos, agora tristes, pediam um último beijo…

Enleei-te nos meus braços, beijei-te devagar, a saborear-te, a usufruir o momento… os nossos gestos foram ganhando formas, ritmos, e amei-te uma vez mais, quase á pressa, a aproveitar o tempo que restava, como se fosse a ultima vez,

Das nossas gargantas, escapavam gemidos roucos, incongruências lascivas, palavras absurdas, sem nexo. Os corpos em incandescência ingressaram em combustão, e terminámos em espasmos cadenciados, num êxtase profundo. O teu coração batia desordenado, tinhas a respiração arquejante, irregular… agarraste-te a mim a chorar.

Senti que havia chegado o momento… afinal, ambos sabíamos que iria suceder, pertencias a outro, “vou amar-te sempre, juro, mas não posso mais voltar aqui, não me perguntes porquê, agora não, por favor, não me faças perguntas, já me é tão difícil.”

O meu coração quase que parou, tinha passado quase três anos, tantas tardes juntos, tantas… como esta, de amor intenso… havia aprendido a amar-te, dava por mim a esperar aquela hora, a hora que surgias, avistava-te ainda longe… nunca irei esquecer o teu porte, a graciosidade do passo, os teus cabelos ao vento… sabia que iria sentir muito a tua falta, a tua ausência iria magoar, tinha consciência, que na inconsciência dos dias voltava para te esperar, e, saber que não vinhas, que não aparecias, dilacerava, despedaçava o meu coração já ele frágil. Imaginar-te nos braços de outro… embora eu fosse o outro, era atroz, cruel. Não chorei, fiz-me forte, não disse nada, o nó na garganta não autorizava.

Pediste-me que se te visse na rua, acompanhada… para não te falar. “Prometes? Finges que não me conheces? Não tomes a iniciativa, prometes? Se achar ser possível falarei eu, sim?”

Tentavas minimizar a despedida, o adeus… mas ambos sabíamos que o adeus era definitivo… senti que tremia, não queria que me visses chorar, engoli as lagrimas… a chorar por dentro, no meu íntimo, sem forças para falar, acenei a cabeça, prometi em concordar

 

Luís Paulo