
O banco do jardim é um palco de vida
Os atores?
Os atores são todos aqueles que nele se sentam, que
se lamentam, que choram por dentro, lagrimas que não se vêm, num pranto
silencioso, onde apenas os pássaros observam calados
O dia está limpo, aberto, o céu canicular,
azul-marinho, límpido como águas cristalinas, apresentam a beleza do anil do
mar, mas, os pássaros estão tristes, indiferentes ao azul etéreo, mergulham nos
ramos amargos a espreitar, mais um drama vai começar
Todos os dias presenciam mais um abrir do pano,
Para alguns, as lagrimas não se seguram, os atores
tombam num pranto sossegado, libertador, recuperador de dignidade
Os pássaros olham-se, também eles choram…
Um pergunta:
Porque sofrem os homens?
Porque não se respeita os idosos na sua fragilidade?
Porque existe tantas crianças pobres e a passar fome neste mundo
desigual, nomeadamente em Portugal?
Os outros pássaros olham-no inquietos, com
desconforto, também eles não compreendem e não sabem responder…
Apenas dizem: Coisas de humanos,
O ator, agora mais aliviado, mais leve, sem o peso
das lagrimas que seca com as costas das próprias mãos, levanta-se, vai embora
Cai o pano.
Outro ator se senta,
Os pássaros vigiam
O espetáculo repete-se
Nesta bruma escura de incertezas
O povo já não ordena
Luís Paulo