Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

sábado, 15 de dezembro de 2012

Despertar frio


 


… Encontrei a idade da serenidade

Hoje, a olhar o passado, recordo como a vida é efémera, o dilúculo passa veloz, a juventude caminha a passos largos, move-se apressada. Lembro-me de pensar que tudo era fácil, de superar todos os obstáculos. Hoje, sereno, na acalmia do pensamento, noto que o mundo não é mais o mesmo. Agora é público que tudo é muito mais fácil. Fácil, para quem as manhãs são manhãs, sem o despertar frio da barriga vazia. Para quem agosto brilha em terras longínquas, sem a escuridão das incertezas no amanhã. Fácil, para quem não contempla os meios para acertar os fins, para quem estuda o seu semelhante como trampolim, para saltar a sua mediocridade.

E dói-me…

Doí-me ver quem diz ser amigo, falar cordialmente, sorrir, dar palmadas nas costas, e pretensamente, pungirem traiçoeiramente na sua ausência. Causando danos, produzindo estragos, estragos volumosos, muitas vezes denegrindo o bom nome.

Dói-me ver pessoas com privilégio de autoridade, exerce-la de modo perversa, humilhando o seu subordinado, muitas vezes por o delito ser apenas o mais inteligente, o mais capaz, o mais competente e mais apto do que ele…

Dói-me ver os fazedores das leis, os legisladores, que se protegem com suas leis, que enriquecem, esquecendo-se de quem os nomeou para tal exercício.

E dói-me…

Dói-me sobretudo saber que a justiça é cega, e que os juízes, os magistrados, persistem em faze-la ver.

Ah! Apetecia-me tanto cegar os juízes…

Pois eles mesmos teimam em olhar para os ricos privilegiando os poderosos, em detrimento dos mais fracos, dos pobres e dos famintos de justiça

A humanidade é dissemelhante de então, a ética declinou, acentua-se a decadência, as pessoas estão diferentes. A semente do odio, a corrupção, a cupidez, a invídia, germinou. Brotou as diferenças, as indiferenças, o desrespeito pelos idosos, pelos mais fracos e necessitados. O céu azul de outrora, mergulha agora sombrio, acinzenta a esperança, desfaz os sonhos.

E doí-me,

Dói-me saber que nossos filhos irão sofrer, gemer em necessidades, passar carências, proibições, para que outros, os que são pagos para zelar por eles, por o seu futuro, os menosprezem e não ouçam seu lamento.

O tempo age em crescente desalinho, a disparidade perpetua-se, hoje os caminhos seguem por um caminho ínvio e o meu pensamento calmo, principia a ficar alarmante.

 

Luís Paulo 

 

 


 

 

2 comentários:

  1. Parabens pelo texto!

    Neste mundo onde o Homem tem sentidos, sente-os ainda mais quando alguem nos tenta manietar dando ordens desnaturadas ao seu semelhante!

    Doi-me tambem este estado de coisas que tu evocas no teu texto!
    Parabens uma vez mais!

    joellira

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  2. Obrigado Joel...
    É sempre agradável ler um comentário teu

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