Eram três horas da manhã
e o sono não me acudia. Sentia-me esgotado, tinha o corpo dorido, com mágoa… levantei-me
a respirar a rua. A noite estava sem luar, mas habitava tranquila, parecia
dormir às escuras.
O ar fresco levou-me a
ti. A tua imagem carregou com ela as saudades reclusas em mim, saudades da tua
voz, daquele aveludar de palavras que me falavas e me suavizava os dias menos
bons
Enlaçavas-me no teu
sorriso tímido, ouvia as tuas frases, doces, harmoniosas, qual soprano de
acordes divinos, deia das áreas de Beethoven e sentia o sossego tomar conta de
mim
Não me larga a mente
aquele dia, é como um quadro suspenso na parede do meu quarto. Assim como tu, o
dia brilhava, quente, exposto ao sol… passeávamos de mão dada á beira da praia,
os teus olhos eram a extensão do mar. Sorrias… aquele sorriso tão só teu,
sorriso traquina, que desenhava covinhas no teu rosto. Ah! Como ficavas linda
nesses momentos… contagiavas tudo com a tua alegria.
Subimos ao rochedo…
chegámos sorrindo… cansados. Ali em cima, a paisagem era singular, o oceano
vestido de azul, parecia estar pendurado no penhasco. Torneámos a enorme
montanha, por baixo de arbustos centenários e no limite do rochedo, fizeste-o
de proa… abriste os braços e plagiaste Kate Winslet e cantaste a canção “My
heart will go on”, … apertava-te contra mim num abraço forte, viraste-te…
beijámo-nos apenas com o céu como testemunha, e amámo-nos debaixo do sol.
Quando penso nesse dia… da
tua voz, das palavras macias que me dizias, as noites não me deixam dormir,
gritam o teu nome, e eu fico velando as horas vazias. Inclina teu ouvido e ouve
o murmúrio do vento, ouve as palavras do meu coração, e por telepatia, ouço
sempre: ”descansa meu amor”, e adormeço.
Luís Paulo
Tela de: Iván Slavinsky
O título deste blogue confere a intimidade revelada... qual arrepio de insensatez ao pensar que um momento poderia ser eterno... Talvez seja, mas não o é pelo menos para mim.
ResponderEliminarÉ verdade Eli, nada é eterno...
ResponderEliminarObrigado,
Abraço