Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

segunda-feira, 4 de março de 2013

A tua voz


Eram três horas da manhã e o sono não me acudia. Sentia-me esgotado, tinha o corpo dorido, com mágoa… levantei-me a respirar a rua. A noite estava sem luar, mas habitava tranquila, parecia dormir às escuras.

O ar fresco levou-me a ti. A tua imagem carregou com ela as saudades reclusas em mim, saudades da tua voz, daquele aveludar de palavras que me falavas e me suavizava os dias menos bons

Enlaçavas-me no teu sorriso tímido, ouvia as tuas frases, doces, harmoniosas, qual soprano de acordes divinos, deia das áreas de Beethoven e sentia o sossego tomar conta de mim

Não me larga a mente aquele dia, é como um quadro suspenso na parede do meu quarto. Assim como tu, o dia brilhava, quente, exposto ao sol… passeávamos de mão dada á beira da praia, os teus olhos eram a extensão do mar. Sorrias… aquele sorriso tão só teu, sorriso traquina, que desenhava covinhas no teu rosto. Ah! Como ficavas linda nesses momentos… contagiavas tudo com a tua alegria.

Subimos ao rochedo… chegámos sorrindo… cansados. Ali em cima, a paisagem era singular, o oceano vestido de azul, parecia estar pendurado no penhasco. Torneámos a enorme montanha, por baixo de arbustos centenários e no limite do rochedo, fizeste-o de proa… abriste os braços e plagiaste Kate Winslet e cantaste a canção “My heart will go on”, … apertava-te contra mim num abraço forte, viraste-te… beijámo-nos apenas com o céu como testemunha, e amámo-nos debaixo do sol.

Quando penso nesse dia… da tua voz, das palavras macias que me dizias, as noites não me deixam dormir, gritam o teu nome, e eu fico velando as horas vazias. Inclina teu ouvido e ouve o murmúrio do vento, ouve as palavras do meu coração, e por telepatia, ouço sempre: ”descansa meu amor”, e adormeço.

 

Luís Paulo

Tela de: Iván Slavinsky

2 comentários:

  1. O título deste blogue confere a intimidade revelada... qual arrepio de insensatez ao pensar que um momento poderia ser eterno... Talvez seja, mas não o é pelo menos para mim.

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  2. É verdade Eli, nada é eterno...
    Obrigado,
    Abraço

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