Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não sei se sou feliz


Naquele tempo a vida sorria-me,

Ia braço-dado com meu pai, numa analogia robusta, incansável, onde acolhia o carinho, os conselhos que me transmitiam a força necessária para os meus problemas costumeiros próprios da idade e da inexperiência que me atacavam e cingiam no dia-a-dia.

Ia braço-dado conjuntamente com meus amigos, amigos verdadeiros, num enlace espontâneo, sincero numa afeição transparente e pura, onde as recreações, os passatempos eram tão sadiamente só nossos

Viandávamos por uma estrada estreita, sem a opacidade e a licenciosidade que a maioria elegia e amava, que convertiam o amor em conduta desenfreada. Não! Os nossos caminhos eram outros caminhos, não que andássemos numa redoma de vidro, estivéssemos num pedestal ou usássemos uma auréola. Não! Éramos homens jovens como todos os outros, mas apenas mais sensatos, acatando as leis dos progenitores, as leis dos homens, para que não caíssemos na desonra e na vergonha de sermos violadores das regras sociais. Não! Os nossos caminhos eram mais escorreitos, harmoniosos, abertos, cristalinos e abastecidos de paz.

Nos sonhos? Áh! Nos sonhos voava livre, com a liberdade dos pássaros.

Lentamente deixava a estrada, as ruas barulhentas com a sua poluição e subia alto aos céus bem acima da terra e respirava a lucidez do ar, tocava as nuvens e observava como tudo era pequeno na terra. Os edifícios mais elevados eram apenas meros retângulos na vertical. Os montes mais grandiosos eram somente sulcos lavrados pelo trator do homem, ou esteiras produzidos pela água da chuva que corria em direção do mar. Liberdade essa concedida por acatar as regras elementares da sociedade, por reconhecer que só se é verdadeiramente livre quando acatamos a autoridade das lei e voava, voava livre, protegido pelas leis de meu pai e dos homens.

Hoje, sinto saudades daquele tempo e não sei se sou feliz. Assiste-me sérias dificuldades em definir a felicidade

Se a felicidade for medida por filósofos, que definem as emoções associadas á felicidade empregando a palavra prazer.

Aí pergunto: felicidade é viver intensamente um dia de cada vez? É a ausência de esperança e de objetivos? É a busca incansável de prazeres efémeros? É carência de amor, de paz e de liberdade?

Sim! Se a felicidade é tudo isso, sim sou feliz.

Mas, e se a felicidade for algo mais?

Se for baseado em estudos na psicologia em que investigadores desenvolveram diferentes métodos e instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um indivíduo. Esses métodos levam em conta fatores físicos e psicológicos, tais como envolvimento religioso ou político, estado civil, paternidade, idade, renda etc. aí a felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena.

Aí nesse caso pergunto:

Ser feliz é ter a esperança e acreditar num Deus superior a nós?

Sim, acredito!

É ter uma família sempre por perto?

É ter alguém á espera, quando chegamos a casa exaustos no fim de mais um dia de trabalho árduo?

É o acontecimento de ao jantar partilharmos em família as experiências do dia?

É o caso de ao deitar, ouvirmos aquela voz melíflua, suave, tão próprio das crianças, que nos alivia o coração, que nos lava a alma, que nos diz: Pai! Que corre para os nossos braços num chi-coração forte, apertado, que nos liberta de todo o cansaço, da ansiedade do dia, do medo do amanhã, que nos faz lutar?

Se a felicidade é isso, então não! Não sou feliz

Não sei se sou feliz. Senão sou, tenho saudades do ser…

 

Luís Paulo

 

 

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