Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ontem vi-te


Ontem vi-te,

Passeavas de mão dada. Conversavas jovial… rias… gesticulavas,

A vida sorria-te.

Fiquei feliz, por te ver feliz,

Lembrei-me de como te vi á uns anos… lacrimosa… a dizer que me amavas, que querias voltar para mim, que havia sido um engano teres-me deixado, que havia sido asneira teres-te distanciado… perdoa-me, imploravas num choro coercivo… perdoa a minha insensatez, a minha leviandade, insistias… repara como a minha vida acontece agora em andamentos débeis?! Sinto o meu caminho tão incerto, ínvio… possuo medo do amanhã.

Não pude deixar de sorrir,  

Havia dez anos que não te via. É certo que tremi, quando olhei os teus olhos… estavas mais adiposa… no rosto trazias o tempo que passou… mas os olhos, os olhos eram os mesmos de á dez anos atrás… verde-esmeralda, quando feliz… cor de mel, quando inquieta e receosa.

Falei-te que não era assim… não se aparece ao fim de tantos anos como se nada tivesse acontecido.

Aconteceu!

Da mulher que partiu, apenas voltaram os olhos… Disse-te como senti a tua falta, de como fui despejado de ti, esvaziado da tua voz, do teu sorriso, do teu calor… o vazio… nada, não existia nada.

Senti o peito dilacerado pelas saudades, as lágrimas que soltei nas noites que não dormi, era no pouco que dormia que te sentia perto a mim, e depois, o amanhecer sombrio da realidade, a dor da tua ausência. O vazio… esse, ficava mais vazio.

Foi tão difícil viver assim, dava por mim, á procura do teu rosto no meio das multidões. Durante todo este tempo a dor no meu coração permaneceu em silêncio. Sim, foi tão difícil… ouvia a tua voz na mudez do meu quarto.

E agora, aparecias assim?! Do nada? Não! Não eras mais a mulher de outrora, a mulher a quem me entreguei, por quem me aprisionei… A quem amei… sim, amei num amor profundo e intenso. Tudo isto te falei, que voltavas uma mulher estranha, que de ti, apenas retinha vagas lembranças, escassas memórias que ecoavam longe. Falei-te do virar do crepúsculo, no amanhecer envolto num outro amor, do tempo que privilegia quem não desiste, de quem luta mesmo contra as próprias lágrimas. Luta por ti e pela tua vida, disse. Despedi-me de ti, e fui embora, sem olhar para trás.

 

Luís Paulo

 

 

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