… E timidamente percorro teu corpo… tateio, como o
invisual o braile, e sinto a suavidade do cetim, a delicadeza da seda… o
aveludado da tua pele chama… adoça… invoca o amor. O teu olhar cinzento, vazio…
habita no silêncio do teu mundo, despido de palavras, e encontro á espera o
desejo incontido em ti. Desperto-te, e, de passo lento, demorado, sensível, prenhe
de desejo, descobres um mundo de cor, de sabor… libertas-te da prisão das eras,
lanças para longe os espectros das quimeras e vagueias nas emoções, nas sensações
etéreas.
Até mesmo o
Sol nasce com desejo, é-lhe inerente o amor… no zénite, aflora o calor, expele
nos raios o orgasmo sem pudor… tremulo, suado, na terra expulsa o torpor, e
deita-se ao crepúsculo, cansado, num canicular rubor
Ali a primavera acontece, o princípio indelével que
eclode na vida… o descerrar, o soltar as pétalas, a metamorfose das flores, o
esquecimento de todas as dores e o mundo segue, efeito transversal… pluvial, o
arco-íris, as cores, as estações…
… E timidamente percorro teu corpo…
Luís Paulo
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