A névoa embaciava o olhar, das dez horas daquela
manhã de dezembro
O ar húmido, vinha á boleia da oressa fria, mas amena
que passava
O meu espírito estava nubloso, mais sombrio que a
manhã, mais frio que o próprio frio. Sem energias, com o empenho desfeito, a
vontade destroçada, deixei cair com estrondo as ideias, os projetos, os esboços
rascunhados já avançados que tinha por cumprir, por realizar.
Sem alegria, sem força, sem vontade de lutar,
impotente, com vontade de chorar, sento-me, amargurado, no banco de pedra gelado.
Apoio os cotovelos nos joelhos, escondo o rosto nas mãos e pouso a pensar: Enquanto
resistirem rumores mentirosos, atropelos ao rigor e pessoas parciais, a verdade
nem sempre vem ao de cima.
Juízos sumários e á revelia são consumados, por
sujeitos, por vezes instruídos, mas facciosos, tendenciosos, que só ouvem uma
parte, ou o que querem ouvir, depois são patenteados e acreditados por protetores
de mentes vazias, ázimas, que espremidas a súmula é acre, azeda como vómito
O dia começa a limpar, a clarear. O nevoeiro recua
devagar, foge lentamente, mostrando o redor. Silhuetas começam a ganhar formas.
Têm formas humanas, mas não são humanos. Estão camuflados com olhos de cobiça,
sorrisos cobardes e no lugar do coração, têm instalado um chipe da mentira, da
insidia, que robotizados, carregam a malvadez, a crueldade, numa tentativa de
subjugar o mundo das pessoas corretas e honestas. Muitos conseguem, porque
esses justos, essas pessoas integras, sentem vergonha, sentem medo, de se
tornarem semelhantes a eles e sofrem, sofrem os julgamentos injustos e a
sentença criminosa.
Luís Paulo
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