Ambicionava
tanto que estivesses aqui.
Olhar-te
nos olhos…
Ver-te
sorrir…
Quando
me lembro, das tuas palavras segredadas… Que saudades meu Deus!
Teus
abraços, são como um cachecol, que me envolve e aquece no inverno mais frio…
Recordo,
francamente, a última primavera. --- Testemunhámos o aparecer das primeiras
andorinhas… Olhámo-nos sorrindo sob o Sol de Abril… Falaste que adejavam baixo…
Um adejar meio atabalhoado, mas único e de uma grande beleza, adicionaste.
Interpretámos
nesse momento, momentos ímpares… excepcionais, de uma grande singularidade e
cumplicidade…
Lembro,
que toquei teus lábios carnudos e aveludados. --- Beijei-te ao de leve, com
medo de te magoar… Depois mais enérgico… Com fome de ti, sôfrego, saciei-me num
sabor a pétalas açucaradas… Teus lábios eram como deliciosos gomos, que se
abriam como uma flor diante do Sol.
Perdemo-nos
para lá do horizonte, num paraíso de sensações e sentimentos, afogando-nos um
no outro, derretendo-nos num amor incandescente…
Nada
mais existia, apenas nós dois e aquele instante. --- Com os corpos colados,
fundimo-nos num só e amámo-nos toda a noite…
Hoje.
--- As minhas noites não são mais ditosas.
Tenho
sonhos. --- Tenho pesadelos… Sonho que te afastas… Primeiro afastas-te devagar,
muito devagar … Tento alcançar-te. --- Quanto mais me aproximo mais tu te
afastas… Corro… Corro desesperadamente… Chamo por ti… Quanto mais corro, mais
longe estás… Estou cansado, sinto dificuldade em respirar… Corro… Meus pulmões,
não aguentam tanto esforço… Sinto-me desmaiar de cansaço… Mas, vejo-te cada vez
mais longe… Vejo-te desapareceres… Vejo-te esfumares, como uma bruma…
Então,
quando desapareces… Quando deixo de te ver. --- Acordo… Acordo aflito, alagado
em suores frios, num leito intranquilo… Inquieto… Desassossegado.
Lentamente
e quando me apercebo que não passou de um sonho… De um pesadelo… Quando a
respiração começa a normalizar… A pacificar… Sou confrontado com a dura
realidade.
Onde
estás tu minha querida?
Levanto-me
da cama, sento-me e então choro. --- Choro de saudades… Das primaveras
passadas… Dos teus olhos… Do teu sorriso… Dos jantares á luz das velas… Das
conversas… Das noites de amor… De ti…
Hoje,
no meu quarto. --- Espraiado… Taciturno… Afiguro esses instantes cingidos nesse
amor intenso.
E
audaciosamente tomei uma decisão…
Vou
lutar por ti… Vou parar de ter pena de mim mesmo… Vou lutar contra os
pesadelos… Vou lutar contra o mundo… Vou lutar contra todos os opositores… Vou
lutar contra o sofrimento… Vou conquistar-te outra vez…
Vou
olhar-te nos olhos… Vou ver-te sorrir… Vou passar muitas primaveras contigo…
Vou amar-te de novo.
Luís Paulo
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