O local achava-se ajardinado de silêncios, silêncio
esse, amputado apenas pelo chilrear dos pássaros, onde a aragem clara, límpida
de paz, algemava o ambiente.
Os lírios, convencidos, de laranja vestidos, regozijavam-se
com o perfume das begónias e crisântemos
O sol brilhava no pináculo das árvores, coava pelos
ramos dos plátanos, fazendo desenhos vivos… abstratos
O tempo ali acontecia devagar, passeava em passo
lento, sem pressa, indiferente à época desinquieta, sem a ansiedade dos climas
inconstantes, das ideias insalubres de homens errantes.
Indiferentes á vagarosidade consentida, da vida do
homem pobre, triste e desavinda, no palácio de são bento, os cães, de barriga
cheia, versejavam em latidos, incólumes á dor, ao sofrer das pessoas que insidiam.
Com uivos rançosos, bolsos a abarrotar, votam as
leis, é preciso muito ladrar, as leis não os podem prejudicar, têm de ter uma
alínea para os livrar
Então, os cães saem, sem açaime, roucos, não dos
remorsos, transpiram os ladridos do acordo… polícias vendidos guardam-nos do
povo faminto, não podem fazer mal ao seu Filinto Elísio
Os filhos dos cães têm liceus privados, piscina e
equitação
No outro lado do muro, no local dos silêncios, um
homem revolve os bolsos não tem dinheiro para os mantimentos… seus filhos não
têm pão
Luís Paulo
Sem comentários:
Enviar um comentário