… Encontrei a idade da serenidade
Hoje, a olhar o passado, recordo como a vida é
efémera, o dilúculo passa veloz, a juventude caminha a passos largos, move-se
apressada. Lembro-me de pensar que tudo era fácil, de superar todos os obstáculos.
Hoje, sereno, na acalmia do pensamento, noto que o mundo não é mais o mesmo. Agora
é público que tudo é muito mais fácil. Fácil, para quem as manhãs são manhãs, sem
o despertar frio da barriga vazia. Para quem agosto brilha em terras longínquas,
sem a escuridão das incertezas no amanhã. Fácil, para quem não contempla os
meios para acertar os fins, para quem estuda o seu semelhante como trampolim,
para saltar a sua mediocridade.
E dói-me…
Doí-me ver quem diz ser amigo, falar cordialmente,
sorrir, dar palmadas nas costas, e pretensamente, pungirem traiçoeiramente na
sua ausência. Causando danos, produzindo estragos, estragos volumosos, muitas
vezes denegrindo o bom nome.
Dói-me ver pessoas com privilégio de autoridade,
exerce-la de modo perversa, humilhando o seu subordinado, muitas vezes por o
delito ser apenas o mais inteligente, o mais capaz, o mais competente e mais
apto do que ele…
Dói-me ver os fazedores das leis, os legisladores, que
se protegem com suas leis, que enriquecem, esquecendo-se de quem os nomeou para
tal exercício.
E dói-me…
Dói-me sobretudo saber que a justiça é cega, e que os
juízes, os magistrados, persistem em faze-la ver.
Ah! Apetecia-me tanto cegar os juízes…
Pois eles mesmos teimam em olhar para os ricos privilegiando
os poderosos, em detrimento dos mais fracos, dos pobres e dos famintos de
justiça
A humanidade é dissemelhante de então, a ética
declinou, acentua-se a decadência, as pessoas estão diferentes. A semente do
odio, a corrupção, a cupidez, a invídia, germinou. Brotou as diferenças, as
indiferenças, o desrespeito pelos idosos, pelos mais fracos e necessitados. O
céu azul de outrora, mergulha agora sombrio, acinzenta a esperança, desfaz os
sonhos.
E doí-me,
Dói-me saber que nossos filhos irão sofrer, gemer em
necessidades, passar carências, proibições, para que outros, os que são pagos
para zelar por eles, por o seu futuro, os menosprezem e não ouçam seu lamento.
O tempo age em crescente desalinho, a disparidade
perpetua-se, hoje os caminhos seguem por um caminho ínvio e o meu pensamento
calmo, principia a ficar alarmante.
Luís Paulo
Parabens pelo texto!
ResponderEliminarNeste mundo onde o Homem tem sentidos, sente-os ainda mais quando alguem nos tenta manietar dando ordens desnaturadas ao seu semelhante!
Doi-me tambem este estado de coisas que tu evocas no teu texto!
Parabens uma vez mais!
joellira
Obrigado Joel...
ResponderEliminarÉ sempre agradável ler um comentário teu